Como vai a reciclagem em Portugal?
Fonte: Sociedade Ponto Verde
Webinar sobre o estado da reciclagem em Portugal
A indústria alimentar tem um impacto importante sobre a reciclagem e sustentabilidade. Do prado ao prato, da fábrica ao ecoponto, são muitas as oportunidades para aproveitar melhor o desperdício, reduzir a quantidade de matérias-primas e reutilizar as embalagens, reciclando apenas aquilo que sobra das outras etapas.
O jornal Público promoveu o webinar Reciclagem e Sustentabilidade - O Papel da Indústria Alimentar em Portugal no passado dia 19 de outubro.
O evento foi conduzido pela jornalista do Público Cláudia Pinto e contou com a participação de Ana Isabel Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde; Paula Ribeiro, responsável pela comunicação externa da Sumol+Compal; Ingrid Falcão, gestora de sustentabilidade da Tetra Pak Ibéria; e Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). O webinar foi transmitido em direto no Facebook, no YouTube e no site do Público e pode ser revisto nos respetivos canais.
Aumentar as taxas de reciclagem em Portugal
Para Ana
Isabel Trigo Morais, “falta melhorar os serviços à comunidade”. Ao longo dos 25
anos da Sociedade Ponto Verde, “já fizemos inúmeras campanhas, explicámos aos
portugueses o que era a reciclagem”. Existem 60.000 ecopontos espalhados pelo
país.
Neste momento, contudo, “as obrigações em matéria de cumprimento de metas estão a colocar sob pressão o sistema que construímos ao longo desses 25 anos. É preciso que o modelo seja revisto para que as embalagens sejam encaminhadas para reciclagem. Falta-nos modernizar e aproveitar as ferramentas que temos hoje em dia, nomeadamente em termos de digitalização, para podermos prestar melhor serviço à comunidade”.
A responsável acrescenta: “Não tem de ser um esforço praticar a reciclagem, não tem de ser uma coisa pesada, tem de ser natural, leve”. Para melhor praticar a reciclagem, “o sistema de conveniência tem de ter uma dupla função, que é as pessoas saberem que não descartar a embalagem no contentor certo é um prejuízo ambiental, que chega também à carteira dos portugueses”.
A reciclagem de materiais como o plástico continua na ordem do dia e a adoção de embalagens e sacos mais ecológicos bem como a utilização de sacos de plástico reciclado são apostas para continuar.
Mais à frente, a CEO da SPV fala em alguns constrangimentos a nível de políticas ambientais. Depois de 55 milhões de euros de investimento que a SPV fez, “os portugueses gostariam de perceber aquilo que pagaram. É difícil pedir aos portugueses que continuem a reciclar, quando eles chegam ao ecoponto e têm um nível de serviço que não corresponde às expetativas. É difícil explicar conflitos territoriais que fazem com que recicláveis colocados no ecoponto não sejam encaminhados devidamente para a gestão de reciclagem”.
Reduzir, reutilizar, reciclar
Paula Ribeiro
reforça o “esforço coletivo da indústria em direcionar esforços, investimento e
inovação no sentido de contribuir para um mundo melhor. Por um lado, a nível dos
ingredientes: a forma como trabalhamos com os fornecedores para que os ingredientes
sejam produzidos de forma mais sustentável, respeitando a natureza; por outro,
a nível da embalagem”.
A Marketing Manager da Sumol+Compal considera que “em termos de estratégia, faz sentido primeiro reduzirmos, para num segundo passo reutilizarmos, e só depois reciclarmos aquilo que não foi possível eliminar nos pontos anteriores”. A marca acaba de inaugurar uma academia de reciclagem, precisamente para incentivar e promover as boas práticas nesta área.
Os 3 pilares para a sustentabilidade
Ingrid Falcão, gestora de Sustentabilidade da Tetra Pak Ibéria remeteu para o relatório de sustentabilidade da empresa para explicar a estratégia da marca, assente em três grandes pilares:
· Alimentos. Conseguir que os alimentos cheguem a todas as pessoas em todos os lugares do mundo nas suas perfeitas condições; que sejam produzidos segundo as melhores práticas de sustentabilidade e com investimento feito na inovação e tecnologia.
· Pessoas. Sabemos que há uma crise alimentar em muitos países. Temos de conseguir fazer lá chegar alimentos essenciais da melhor forma com todas as propriedades
· Planeta. Acabamos por olhar para toda a cadeia de valor: matéria-prima produzida com o menor impacto ambiental possível; energia utilizada nas nossas fábricas 100% renovável (esse é o objetivo até 2030; neste momento é 80%), redução das emissões de CO2; materiais que permitam a redução.
Inovação e investimento
O diretor
geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, realça a importância da inovação e do
investimento em projetos piloto. Exemplo disso são as 23 máquinas de gestão de
embalagens instaladas em associados da APED em todo o país, e que em apenas um
ano reencaminharam 16,6 milhões de unidades para reciclagem.
Para o gestor, o
que falta é “mais empenho, mais financiamento, mais projetos de desenvolvimento,
mais cooperação” – algo que, reconhece, está já a ser feito, mas não com a
celeridade que gostaria.
Veja também neste blog: A importância dos sacos biodegradáveis.
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