Portugal Lendário – 6 Lendas Portuguesas de Norte, Sul e Ilhas
Portugal é um país cheio de histórias surpreendentes, de perder o fôlego quando as ouvimos, mas também cheio de lendas que muito nos deixam a questionar a sua veracidade e que, contadas de boca a boca, conhecem sempre diferentes versões.
No presente artigo, fizemos uma coletânea de 6 lendas portuguesas que nos levam numa viagem de Norte a Sul de Portugal, com duas paragens nos arquipélagos.
1. Lenda da Serra do Nó (Viana do Castelo)
A Lenda da Serra do Nó leva-nos até ao tempo da ocupação moura em Viana do Castelo.
A Lenda conta a história de um rei mouro, Abakir, que vivia no topo da Serra do Nó, no seu castelo. Conhecido como um homem grandioso, vitorioso nas batalhas e um grande conquistador de mulheres. Exceto a única pela qual se apaixonou perdidamente: uma pastora que conheceu na sua viagem de volta ao castelo após mais uma vitória e que o rejeitou.
Abakir, enfurecido, prendeu a pastora numa das torres do castelo até que se ela pedisse perdão por recusar a paixão de Abakir. Só que tal nunca aconteceu.
Durante a conquista cristã, numa invasão, Abakir mandou os súbditos embora, ficando só ele e a bela pastora no castelo. O mouro, quando ouviu os gritos de vitória dos cristãos, abraçou a amada, pegou no Corão, leu uma passagem e fez um gesto com a mão. Após tal, o castelo desapareceu.
A lenda também afirma que quem encontrar a entrada do castelo desaparecido, será recompensado com inúmeras riquezas.2. Lenda de “As Arcas de Montemor” (Montemor-o-Velho)
Em Montemor-o-Velho, conta a lenda, havia um alcaide viúvo austero que apenas tinha tido uma filha, a qual protegia de todos os olhares e guardava como o último e único tesouro do mundo.
O alcaide prendeu e condenou à morte um dos seus mais fiéis cavaleiros por se ter apaixonado de longe pela sua filha. Quando a mesma descobriu, foi visitar o cavaleiro à masmorra e também se apaixonou por ele, decidindo que tinham de fugir.
Quando o pai descobriu, mandou prendê-los e descobriu que já se haviam casado. Furioso, ofereceu duas arcas aos recém-casados: uma arca cheia de ouro, outra cheia de peste. Os recém-casados fugiram novamente, deixando para trás as duas arcas.
Diz a lenda que nunca ninguém se aventurou a abrir nenhuma das arcas, que continuam enterradas no terreno entre as muralhas do castelo de Montemor-o-Velho.3. Lenda das “Obras de Santa Engrácia” (Lisboa)
A Lenda conta o triste fim de Simão Pires, um cristão-novo, que foi acusado de roubar a igreja de Santa Engrácia, pois tinha sido visto um dia em que fora visitar Violante, uma recente Noviça do Convento que ficava ao lado da igreja. Violante tinha sido obrigada a ir para o convento porque o pai não concordava com o amor que ela nutria por Simão.
Na noite depois de visitá-la e concordarem fugir juntos, Simão foi preso e acusado de roubo com a sentença de morte na fogueira. A execução ocorreu mesmo à frente da Igreja de Santa Engrácia e, enquanto as chamas o queimavam, ele pregou que era tão certo morrer inocente como a Igreja nunca acabar de ser construída, o que de facto demorou anos e anos para finalizarem a construção.
É pela existência desta lenda que as pessoas comparam as Obras de Santa Engrácia a algo que nunca mais tem fim.
4. Lenda das Amendoeiras em Flor (Silves)
Ainda Portugal não era um país, existia na antiga Chelb (atualmente conhecida por Silves), um rei árabe, Ibn-Almundim.
Durante uma batalha conheceu uma mulher de pele branca, cabelo claro e olhos azuis, a Princesa do Norte, por quem logo se apaixonou, convencendo-a a tornar-se sua esposa. No entanto, mesmo sendo muito felizes juntos, a Princesa cada vez ficava mais triste e enfraquecida, quando confessou ao rei as saudades que tinha de ver neve.
Então o rei mandou plantar em todo o Algarve amendoeiras e, em todas as primaveras, trazia a sua esposa à varanda do castelo para contemplar o monte branco das árvores floridas que lembravam a neve. Logo a Princesa se fortaleceu e continuaram a viver felizes.
5. Lenda da Lagoa das 7 Cidades (Açores)
Dizem que a lenda da Lagoa das 7 Cidades foi a origem da criação do Arquipélago dos Açores.
Conta a lenda que, há muitos séculos, viveu um rei que não podia ter filhos, o que o deixava amargurado e tornava-o cruel. Um dia, uma estrela muito brilhante desceu à terra, transformando-se numa bela mulher. Ela prometeu que lhe daria uma filha, mas ele teria de seguir algumas regras. A principal condição era construir um grande palácio, rodeado por sete cidade e com muralhas de bronze, que ninguém poderia transpor. Ali viveria a princesa durante 30 anos, longe dos olhos e do amor do rei.
Mas após 28 anos, já não aguentando mais, o rei destruiu todas as muralhas. Como as regras não foram cumpridas, toda ilha foi engolida pelo mar, apenas restando 9 ilhas que hoje constituem o arquipélago dos Açores. O palácio transformou-se na Lagoa das 7 Cidades, dividida por duas cores: verde igual ao vestido da princesa e azul igual aos seus sapatos.6. Lenda da Ribeira Brava (Madeira)
Os habitantes de Ribeira-Brava acreditam que a ribeira que atravessa a localidade é bravia. Já não o é, mas outrora já o foi. Pelo menos, é assim que reza a lenda.
Conta-se que um dia a Ribeira encrespou de tal maneira que a povoação temeu o pior. O Pároco da igreja de S. Bento da Ribeira entrou rapidamente na igreja e trouxe consigo o báculo que se encontrava ao altar. Com toda a coragem, aproximou-se da correnteza e atirou o báculo de S. Bento à água da Ribeira, que logo se acalmou totalmente. Nunca mais se revoltaram as águas daquela forma.
Em memória a esse fatídico dia, a povoação passou a chamar Ribeira Brava à localidade.
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