Rewilding Portugal recupera espécies no Vale do Côa
Créditos: Cláudio Noy
/ Rewilding Portugal
No Vale do Côa, nordeste de Portugal, o projeto da Rewilding Portugal está a trazer de volta uma raça ancestral de gado: o tauros.
A reportagem da jornalista Marta Vidal para a BBC mostra como a iniciativa visa criar um corredor de vida selvagem ao longo do Rio Côa, ligado ao habitat do Rio Douro a norte e das montanhas de Malcata a sul.
A reintrodução de espécies selvagens é considerada uma estratégia essencial para a conservação da biodiversidade e a restauração de ecossistemas. Ao trazer de volta animais quase extintos ou com populações em declínio, os projetos de reintrodução visam restabelecer o equilíbrio natural e promover a diversidade das espécies.
Afinal,
a ONU lançou a Década para o Restauro dos Ecossistemas com o objetivo de “prevenir, travar e reverter a degradação dos ecossistemas em todos os continentes e em todos os oceanos”,
Resgatar o Passado para um Futuro Sustentável
A Rewilding Portugal é uma organização sem fins lucrativos que lidera o esforço de reintrodução de algumas espécies:
· 20 cavalos Sorraia
· 15 tauros
· Lobo ibérico
· Corço
· Veado vermelho
· Coelho
· Perdiz
· Águia-real
· Águia-de-Bonell
· Abutres
· Grifos
Pedro Prata, o diretor da organização, destaca o propósito de trazer de volta espécies selvagens e substituir aquelas que foram extintas, como o auroque e o cavalo selvagem.
O Tauros: recuperação de uma espécie pré-histórica
Os tauros são uma versão especialmente criada do extinto auroque, antecessor do boi moderno. O grupo aqui introduzido resulta de uma parceria entre a Rewilding Portugal e a Taurus Foundation. Ronald Goderie, ecologista e diretor da fundação, explica na reportagem como foi utilizado o método de "back-breeding" para criar uma versão domesticada do auroque.
Os animais são caracterizados pela grande dimensão, pelagem preta e castanha, longos chifres e agilidade.
O Papel Ecológico dos Grandes Herbívoros
Há milhares de anos, tanto auroques como cavalos selvagens desempenhavam um papel vital nos ecossistemas do Vale do Côa. São bem conhecidas as representações das criaturas nas gravuras rupestres na região, registadas há cerca de 24.000 anos.
A expetativa para os atuais tauros é que desempenhem um papel semelhante, através do pastoreio natural.
As alterações decorrentes na composição vegetal, com o consequente e esperado aumento das populações de tauros, cavalos e veados, visam também o restauro ecológico, proteção da vegetação e aumento da captura de carbono.
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Tem terrenos na região do Côa? A Rewild está interessada
O projeto estabelece um corredor de 1.200 km², mas a fragmentação do terreno e a propriedade privada apresentam alguns obstáculos. A Rewild quer assim adquirir terras ao longo do Côa para criar "pedras ecológicas" que facilitem a migração de espécies.
A falta de água, o aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas e a recorrência de incêndios são outras ameaças que podem dificultar o projeto.
Mas a entidade encara esta iniciativa como uma oportunidade para uma fomentar uma economia rural regenerada, baseada no turismo sustentável e produtos locais.
A longo prazo, o projeto compromete-se com a transformação da paisagem, a restauração da biodiversidade e a exploração sustentável. Para tal, o envolvimento das comunidades locais é considerado fundamental.
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