Empresas em Portugal – quando os lucros são distribuídos pelos trabalhadores
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As empresas em Portugal têm a possibilidade de recompensar os seus trabalhadores através de gratificações de balanço, quando alcançam resultados positivos em determinado ano. Esta é uma prática que tem a vantagem de motivar os colaboradores, mas também apresenta benefícios fiscais significativos.
De acordo com a legislação portuguesa, as gratificações de balanço são contabilizadas como gastos no ano em que os lucros são obtidos, o que resulta numa diminuição do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) a pagar.
Para os trabalhadores, as gratificações de balanço estão isentas de Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) até ao limite de 4100€, bem como das contribuições para a Segurança Social.
No entanto, é importante ressalvar que os recibos referentes a estas gratificações devem ser processados até ao final do ano seguinte ao dos lucros, sob pena de já não serem deduzíveis. Outro aspeto importante é que as empresas devem aumentar os salários da generalidade dos colaboradores em pelo menos 5%, antes de distribuir os lucros.
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Ao partilhar parte dos lucros com os colaboradores, as empresas incentivam o seu desempenho e aumentam a motivação para alcançar objetivos empresariais.
Fidelização e Retenção de Talentos
A distribuição de lucros cria um ambiente de reconhecimento e valorização, o que contribui para a fidelização dos trabalhadores e reduz a rotatividade de pessoal.
Benefícios Fiscais
Além da redução do IRC, as empresas podem beneficiar de uma imagem positiva perante a sociedade e os stakeholders ao adotarem práticas de partilha de lucros, o que pode refletir-se em vantagens competitivas no mercado.
Os bons exemplos de empresas que repartem lucros com os trabalhadores em Portugal
Conheça as empresas em Portugal que se têm destacado pelos seus programas de distribuição de lucros e outras formas de recompensar os colaboradores.
Auchan
A Auchan é um exemplo notável de distribuição de lucros aos trabalhadores. No ano passado, a empresa distribuiu um prémio significativo aos seus colaboradores acionistas, demonstrando um compromisso claro com a partilha de sucesso. Além disso, investiu uma quantia considerável em revisões salariais, elevando os padrões de remuneração e valorizando o trabalho dos seus funcionários.
Foundever
A Foundever adotou uma abordagem inovadora ao incentivar os seus colaboradores a referenciarem novos profissionais. Ao alargar o programa de referência a pessoas externas à empresa, a Foundever não só procura atrair talentos qualificados, mas também recompensar os seus trabalhadores pelo seu envolvimento na expansão da equipa. Oferecer vouchers como recompensa demonstra um reconhecimento tangível do valor das referências dos colaboradores.
Decathlon
A Decathlon optou por distribuir uma parte dos seus lucros pelos seus trabalhadores em forma de ações, promovendo assim a participação dos colaboradores nos resultados da empresa. Esta prática não só incentiva um sentido de pertença e compromisso com a empresa, mas também oferece aos trabalhadores a oportunidade de partilhar os benefícios do seu desempenho coletivo.
Navigator
Apesar dos desafios enfrentados pela Navigator no mercado, a empresa continua a demonstrar o seu compromisso com os trabalhadores ao propor a distribuição de dividendos e a participação nos resultados do exercício. Esta medida não só reconhece o contributo dos colaboradores para o sucesso da empresa, mas também reforça a ideia de que o crescimento empresarial deve ser partilhado de forma justa com todos os envolvidos.
Jerónimo Martins
A Jerónimo Martins destaca-se pelo seu compromisso em reconhecer o esforço e dedicação dos seus trabalhadores. Ao atribuir um prémio extraordinário a cerca de 90 mil colaboradores, a empresa não só celebra os resultados alcançados, mas também demonstra um reconhecimento tangível do contributo de cada um para o sucesso da empresa. Este gesto não só fortalece os laços entre a empresa e os seus trabalhadores, mas também reforça a cultura de reconhecimento e valorização dentro da organização.
EDP
Este é um exemplo negativo da partilha de lucros pelos trabalhadores. A EDP enfrentou críticas e protestos dos seus funcionários devido à disparidade entre os aumentos salariais da administração e dos colaboradores. Apesar dos elevados lucros da empresa, os trabalhadores sentiram-se desvalorizados e injustiçados, o que levou a manifestações e greves. Este exemplo destaca a importância de uma distribuição justa e equitativa dos lucros, bem como a necessidade de promover relações laborais saudáveis e transparentes dentro das empresas.
Estes exemplos ilustram como a distribuição de parte dos lucros pelos trabalhadores pode ser uma estratégia eficaz para promover o envolvimento, motivação e fidelização dos colaboradores, ao mesmo tempo que reforça uma cultura organizacional baseada na partilha de sucesso e reconhecimento mútuo.
Em suma, a distribuição de parte dos lucros pelos trabalhadores não só promove a justiça social e a valorização dos colaboradores, mas também traz benefícios tangíveis para as empresas, contribuindo para um ambiente de trabalho mais produtivo e motivador.
Conhece outras empresas que distribuem lucros pelos trabalhadores? Conte-nos tudo!